Direita usa redes para inflamar base e impulsionar ato pró-anistia

Com apelo aos Estados Unidos e fala em inglês, Bolsonaro tentou se manter no jogo político para as eleições de 2026 e demonstrar força e mobilização popular na manifestação que ocorreu neste domingo (6) na avenida Paulista, em São Paulo.

No monitoramento da Palver em mais de 100 mil grupos públicos de WhatsApp e Telegram, além de outras redes sociais, foi possível verificar uma grande quantidade de desinformação espalhada nos grupos, sobretudo de direita, com o objetivo de inflamar a população contra as instituições, em especial o STF.

Na sexta-feira (4), imagens e vídeos foram compartilhados com informações falsas sobre os ataques de 8 de janeiro. Em um dos vídeos, criado sem identificação do autor e narrado com voz modificada, um manifestante do MST é acusado de ser Antônio Cláudio Ferreira, responsável por quebrar o relógio de d. João 6º no Palácio do Planalto, o que já foi desmentido anteriormente.

No vídeo, argumenta-se que os autores do vandalismo provocado dentro das sedes dos três Poderes eram pessoas infiltradas pela esquerda para promover o caos. Para isso, utilizaram filmagens de outros contextos para ludibriar os usuários dos aplicativos de mensageria, criando a sensação de que os chamados patriotas também foram vítimas dos ataques.

Essa narrativa não é recente e vem sendo explorada consistentemente nos grupos de mensageria, mas o volume aumentou na semana passada. Além disso, para incitar a população contra o STF, foi divulgado um vídeo com áudio falso creditado ao ministro Flávio Dino, no qual diz que seu objetivo é arruinar a economia, falir as empresas e o agronegócio.

Nos dias que antecederam a manifestação de domingo (6) na avenida Paulista, houve uma grande movimentação da direita para emplacar o vídeo gravado pelo deputado federal Nikolas Ferreira (PL) no qual tenta humanizar a discussão ao trazer casos específicos de algumas pessoas que estão presas por terem participado dos ataques de 8 de janeiro. No Instagram, onde foi postado originalmente, o número de visualizações passou de 55 milhões.

Durante a manifestação, alguns discursos foram mais agressivos, como o do pastor Silas Malafaia e de Nikolas. O deputado atacou pessoalmente o ministro Alexandre de Moraes, além de criticar o ministro Luís Roberto Barroso e também o STF. Nikolas finalizou seu discurso como uma pregação religiosa e apelando para a fé das pessoas.

Nos grupos de mensageria, trechos dos discursos foram transformados em cortes e espalhados pelos usuários, prevalecendo as falas de Nikolas e do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. Destaca-se, no entanto, a grande quantidade de mensagens identificadas pela Palver como possivelmente automatizadas.

Já nos grupos de esquerda, os usuários compartilharam uma pesquisa Genial/Quaest apontando que 56% dos brasileiros rejeitam a anistia aos condenados pelo 8 de janeiro. Além disso, houve muita discussão sobre o tamanho da manifestação na Paulista, que, segundo estimativa do Datafolha, teve presença de 55 mil pessoas.

Considerando a estratégia utilizada pela direita nas redes sociais de radicalizar a base com desinformação, falsas acusações e discursos inflamados, a manifestação ocorrida na Paulista tem uma relevante importância para que Bolsonaro e seus apoiadores possam conseguir uma alternativa política aos reveses jurídicos sofridos pelo ex-presidente.


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noticia por : UOL

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