Uma ex-companheira de Sean “Diddy” Combs declarou, nesta quinta-feira (5), no julgamento do magnata da música, que ele a obrigava a participar de sessões de sexo de três dias com acompanhantes masculinos, em um testemunho fundamental para sustentar as acusações da promotoria.
O depoimento da mulher, identificada como Jane, que pode se estender por vários dias, corrobora o modus operandi do rapper de 55 anos descrito por outra ex-parceira de Combs, Casandra “Cassie” Ventura, no início do julgamento.
Tanto Jane quanto Ventura são testemunhas-chave no julgamento de Diddy Combs, acusado de associação criminosa e tráfico sexual. Caso seja declarado culpado, ele podem passar o resto de seus dias na prisão.
O depoimento de Jane foi precedido por uma advertência do juiz Arun Subramanian a Diddy, ameaçando expulsá-lo da sala após ele ter feito contato visual com membros do júri —um “comportamento totalmente inaceitável” que “não pode se repetir”, alertou o magistrado. As comunicações de qualquer tipo entre o acusado e o júri estão estritamente proibidas.
Jane contou ao júri que conheceu Combs durante uma viagem com amigas a Miami em 2020. Na época, ele estava romanticamente envolvido com uma das amigas dela, e ele as convidou para um barco e para sua casa. Eles iniciaram o relacionamento em janeiro de 2021, segundo relato da Variety.
As coisas mudaram em maio de 2021, quando Combs começou a se abrir com Jane sobre suas fantasias sexuais e ela começou a se submeter a relações com acompanhantes e regadas a drogas. Inicialmente, aceitou para agradá-lo, o que abriu uma “porta que não conseguia mais fechar”, tornando-se uma prática habitual no relacionamento, que durou até setembro de 2024, quando ele foi detido, contou.
A descrição do que ela chamou de “noites de hotel” —nas quais Combs, segundo ela, organizava toda a encenação: lingerie provocante, luz ambiente vermelha, consumo de drogas e muito óleo para bebês — coincide exatamente com o relato de Cassie sobre os chamados “Freak Offs“, ou orgias.
Jane disse que negou várias vezes fazer sexo com outros homens, e que Combs foi “indiferente” às suas preocupações. Uma gravação de áudio de um quarto de hotel em que Jane pediu que um acompanhante usasse preservativo foi reproduzida no tribunal. Na gravação, Combs é ouvido ignorando o pedido.
A testemunha disse que as “noites de hotel” se tornaram uma ocasião quase semanal no relacionamento. A mais longa teria durado três dias sem pausa. Ela disse que o mais curto desses encontros durou 12 horas, e uma noite típica durava de 24 a 30 horas.
Jane contou sobre uma vez em que ela participou de uma “noite de hotel” sem usar drogas. Depois de fazer sexo com dois acompanhantes masculinos, ela disse que foi ao banheiro e vomitou. Quando um terceiro acompanhante entrou no quarto, ela contou que Combs lhe disse: “Você vai se sentir melhor agora que vomitou. Vamos lá.”
O rapper a ajudava financeiramente para compensar a falta de renda durante esses períodos, contou. “Meu sentimento de obrigação começou a surgir pelo fato de que meu parceiro pagava meu aluguel”, disse.
A promotoria acusa Combs de liderar uma organização criminosa composta por funcionários de alto escalão e seguranças, que impunham sua vontade por meio de atos ilícitos, incluindo sequestros, subornos e incêndios criminosos.
Além de Ventura e Jane, entre as testemunhas estão ex-funcionários da gravadora do rapper, que o ajudavam a impor sua autoridade e silenciar as vítimas.
O depoimento de Jane continua nesta sexta-feira (6). O julgamento deve durar pelo menos mais um mês.
noticia por : UOL