Mortes: Lutou pelo respeito à diversidade, seja afetiva ou de fé

“Ser preto de candomblé é se preparar diariamente para enfrentar o racismo numa sociedade brancocentrica-cristã”. Essa frase é uma legenda escrita por Washington Luiz Dias para a foto que acompanha esse texto, postada em suas redes sociais em 2022. O economista baiano foi um ativista incansável, lutava contra os preconceitos, seja racial, religioso ou lgbtfobia.

Durante a vida, se envolveu em diversos movimentos sociais. Foi do Conselho Nacional dos Direitos das Pessoas LGBTQIA+, fundou a Rede Afro LGBT e, em 2016 e 2017, presidiu o Conselho Nacional de Combate à Discriminação. Também fez parte da Plataforma dos Movimentos Sociais por outro Sistema Político.

Outra dedicação era a de cuidar espiritualmente das pessoas. Babalorixá desde 2019, liderava o Ilê Axé Babá Ifon Alabô Ogunjá. O terreiro funciona na casa onde ele cresceu, no bairro Nordeste de Amaralina, em Salvador. Como pai de santo, também integrava a Frente Nacional Makota Valdina, na qual lutava contra a intolerância religiosa.

“A vida dele era essa, movimentos sociais e religião. Era uma pessoa de luz. Quatro palavras que o definem são: alegria, luz, liberdade e amor”, diz a irmã Márcia Ministra, 44.

Washington Luiz Santos Nascimento Dias nasceu no dia 26 de maio de 1983. Foi o mais novo de 11 irmãos. Na infância se envolveu em grupos da Igreja Católica, por influência da mãe. Além de ir às missas, fez catequese, crisma e foi coroinha.

Na paróquia do bairro, começou a se engajar nas articulações sociais. Ainda jovem, coordenou a Pastoral Afro, onde se aprofundou no combate ao racismo.

Após se formar em ciências contábeis pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), em 2007, passou a viajar a trabalho. Em um dos seus destinos mais distantes, no Rio Grande do Sul, recebeu o chamado do candomblé. Ao visitar um terreiro, sentiu seu orixá, Oxalufã. Depois do episódio, decidiu buscar sua ancestralidade.

Washington tinha hábitos saudáveis e amava treinar na academia. Também era um bom leitor, entre seus autores de cabeceira estavam Abdias Nascimento, Bell Hooks e João Ubaldo Ribeiro.

Como bom soteropolitano, além de frequentar a praia frequentemente, era um apaixonado pelo Carnaval. Fã de Daniela Mercury, contava os dias para a chegada da folia. Começava a pular desde as festas de esquenta e só parava na quarta-feira de cinzas.

Em um acidente de moto, em outubro do ano passado, levou uma pancada nos rins. Desde então, vinha lutando contra a insuficiência renal, que o levou à morte no dia 8 de abril, aos 41 anos.

Deixa 10 irmãos e 17 sobrinhos, além de 9 sobrinhos-netos e mais de 12 filhos de santo.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

Veja os anúncios de mortes

Veja os anúncios de missa

noticia por : UOL

Facebook
Twitter
WhatsApp
Email

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *