Outra ação importante seria criar novas alíquotas do Imposto de Renda de Pessoa Física para os que ganham muito. Atenção você que parcelou o seu Renegade em 24 vezes, uma informação importante: você não é super-rico.
Poderíamos incluir também aqui a revisão das deduções de despesas em saúde no Imposto de Renda de Pessoa Física, que não contam com nenhuma limitação e beneficiam, hoje, principalmente, as classes média alta e alta. Também não rolou.
Foi aprovada uma trava para impedir renovação e concessão de benefícios fiscais em momentos de déficit, o que foi importante, mas ainda é pouco. Subsídios representam uma montanha de meio trilhão de reais concedidos a empresas. Alguns são justos, outros, uma aberração alimentada pelo lobby. O Brasil viu uma avassaladora campanha de propaganda forçar a continuidade da desoneração da folha de pagamento de 17 setores econômicos, ao contrário do que desejava o governo Lula. A imprensa estava entre esses setores, diga-se de passagem.
Claro que tirar dos muito ricos não vai resolver as questões fiscais do país. Mas é uma baita safadeza que, sob a justificativa de garantir a saúde financeira, seja subtraída grana usada para garantir um mínimo de dignidade a quem tem menos enquanto ignoram-se medidas para acabar com a farra dos que mais têm. A questão não é deixar de aprovar medidas austeras, mas socializar a chicotada.
Perceber que estamos todos no mesmo barco é o mínimo em uma democracia.
Como já disse aqui várias vezes, o Brasil é um transatlântico de passageiros, com divisões de diferentes classes, com os mais ricos tendo mais conforto em suas cabines. Não estou entrando no mérito de como chegamos a essa situação, nem propondo uma revolução imediata para que cabines diferenciadas deixem de existir. Mas é fundamental que a terceira classe conte com a garantia de um mínimo de dignidade e primeira classe pague passagem progressivamente proporcional à sua renda.
noticia por : UOL