Mesmo campeão com sobras da F2 em 2021, Oscar Piastri ficou sem uma vaga de piloto titular na F1 em 2022. O australiano teve de esperar um ano e agora contabiliza 50 GPs na principal categoria do automobilismo. Vencedor do GP do Bahrein no último fim de semana, passou a ser apontado como um dos favoritos ao título.
A história serve de inspiração para Felipe Drugovich. Campeão da F2 em 2022, na temporada seguinte à do título de Piastri, o brasileiro também ficou sem um lugar na categoria de cima na sequência. Conseguiu apenas, a partir de 2023, um posto como piloto reserva e de testes da Aston Martin na F1.
Nas últimas semanas, o nome do paranaense de 24 anos ganhou destaque internacional ao ser vinculado a uma das vagas na equipe Cadillac, que estreará em 2026 com apoio do grupo norte-americano Chevrolet. Drugovich já é o atual piloto da marca nas competições de longa duração, como as 24 Horas de Le Mans.
“Sim, estamos tendo conversas, mas é natural que muitos pilotos estejam conversando sobre isso, porque são duas novas vagas no grid para o ano que vem”, disse o brasileiro, em entrevista à Folha no Bahrein, onde participou de um dos treinos livres no lugar do espanhol Fernando Alonso.
A concorrência, de fato, é grande no novo time da F1. Profissionais experientes como o mexicano Sergio Pérez e o finlandês Valtteri Bottas estão sendo cotados. Novatos e norte-americanos como Colton Herta, estrela da Indy, também aparecem na lista.
Outra hipótese para o Brasil voltar a ter dois representantes na elite do esporte a motor –o novato Gabriel Bortoleto, 20, é titular da Sauber– é na própria Aston Martin.
Alonso tem contrato para o próximo ano, mas a baixa performance do time nas primeiras corridas deste ano pode fazer o espanhol pensar em outros rumos para 2026. Também não se sabe até quando o dono do outro carro, o canadense Lance Stroll, manterá sua motivação em continuar no time que tem o pai, Lawrence, como principal acionista.
Drugovich esteve perto da estreia da F1 em 2023. Stroll sofreu um acidente de bicicleta e perdeu os treinos de pré-temporada, mas acabou fazendo o GP do Bahrein, que abriu aquela temporada, no sacrifício, ainda com as mãos machucadas.
“Essa corrida teria mudado toda a minha carreira. Foi uma pena, mas não adianta pensar negativamente agora”, disse o brasileiro.
Ele não guarda arrependimento de ter ficado fora das principais academias de pilotos. Andrea Kimi Antonelli, da Mercedes, Isack Hadjar, da Red Bull, e Jack Doohan, hoje na Alpine, são exemplos de pilotos de programas de jovens talentos que entraram no grid em 2025.
“Foi a decisão certa. Depende muito da relação com a academia de pilotos. Algumas vão te dar tudo, mas te impedem de ter chances em outros times. Sou piloto reserva da Aston Martin, sem ter algum débito com a equipe. Minha posição é boa, e eles ficariam felizes de eu conseguir uma vaga em outro lugar”, afirmou.
A oportunidade de estrear em 2026 é sentida por Drugovich. Em 2024, pela primeira vez em mais de 70 anos de história da F1, não houve nenhuma mudança no grid de um ano para o outro. Mas, para esta temporada, há seis “novatos”. Mais da metade das equipes do grid apostou em um jovem talento para 2025.
“Sendo campeão da F2 em 2022, de uma certa forma eu tenho consciência de que a gente vai perdendo força a cada ano que se passa. Mas estou muito mais preparado e em forma agora do que no passado, basta olhar as minhas performances nos treinos. Sou o novato com mais experiência na F1 inteira”, disse Drugovich.
“Toda vez que estou no carro eu tenho o mesmo ritmo dos titulares, se não mais rápido. Penso em ter uma vaga no futuro. Mostrando o trabalho agora, não digo apenas para o ano que vem para ter uma vaga… Talvez até 2027. Essa oportunidade vai chegar. Seja lá como, vai chegar”, acrescentou.
Para isso, ele conta com a ajuda do público brasileiro da F1.
“O torcedor tem que torcer e fazer barulho, mostrar que a torcida brasileira é a melhor que tem. Estou fazendo meu trabalho da melhor maneira possível, talvez de forma silenciosa, que alguns podem não entender, mas estou fazendo o máximo. A gente tem que ter a postura por fora de sorrir e mostrar que está tudo bem, mas não vou ficar contente enquanto não tiver minha vaga aqui e esgotar minhas chances.”
noticia por : UOL