“Ele pegou o meu dinheiro para encomendar a morte da minha filha”. A declaração indignada é do deputado estadual Gilberto Cattani (PL), em entrevista ao Jornal do Meio-Dia, desta terça-feira (6). O parlamentar relatou que tinha uma dívida com o ex-genro Romero Xavier, no valor de R$ 4 mil, mesma quantia paga pelo acusado ao irmão, Rodrigo Xavier, para assassinar Raquel Cattani.
O parlamentar afirmou que a dívida era pelo serviço realizado pelo acusado em sua propriedade e que foi quitada no mesmo dia em que a filha foi assassinada em casa.
Em entrevista ao Jornal do Meio Dia, o deputado relatou que foi o primeiro a desconfiar do autor do crime, assim que soube do acontecido. Mas que o ex-genro tinha um álibi muito forte, o que colocava em dúvida sua participação.
“Quando nós soubemos do acontecido, o primeiro a desconfiar de qualquer um fui eu. Porém, nós não podíamos fazer nada enquanto não tivéssemos certeza de quem seria a pessoa que cometeu o crime. Ele tinha um álibi muito forte e comprovou que não estava na cena, mas tinha encomendado o crime”, lembrou o parlamentar, que perdeu a filha há menos de um mês.
No dia em que Raquel foi morta, Cattani havia quitado a pendência com o ex-genro, referente a cerca feita para o deputado.
“Eu tinha um acerto para fazer com ele em dinheiro e eu fiz no mesmo dia (do crime). O acerto era de R$ 4 mil, de uma cerca que ele tinha feito para mim. Depois eu soube pela polícia que ele pagou para o assassino R$ 4 mil, ou seja, ele pegou o meu dinheiro para encomendar o assassinato da minha filha”, revelou o deputado.
Cattani ainda ressaltou que o genro realmente estava na casa dele durante a prisão e que manter Romero por perto foi uma escolha sua para facilitar o trabalho da Polícia Civil, caso ele realmente tivesse relação com o crime.
“Uma pessoa que faz uma coisa dessas é um animal e tem que ser tratado como tal. Foram 4 dias com o maior sofrimento que um ser humano pode passar, mas sempre com esperança de que nós poderíamos chegar ao autor e ele pudesse cumprir tudo aquilo que a Justiça determina para quem faz esse tipo de coisa, o que é muito pouco. Nós precisamos ter, inclusive, pena de morte no nosso país”.
Crime
Raquel Cattani, de 26 anos, foi encontrada morta dentro de sua residência no assentamento Pontal do Marapé, em Nova Mutum, na manhã de 19 de julho. O corpo apresentava inúmeras lesões causadas por arma branca.
Na investigação sobre o crime, foram entrevistadas ou interrogadas 150 pessoas, no período de 6 dias de diligências. Os policiais ouviram familiares da vítima, amigas, vizinhos, trabalhadores de empresas da região, moradores do assentamento Pontal do Marapé e pessoas que mantiveram contato com o mandante do crime, o ex-marido da vítima.
A investigação, analisou imagens de câmeras de segurança da vila onde a vítima tinha um sítio e das cidades da região, como São José do Rio Claro e Tapurah.
Na tentativa de ludibriar a Polícia Civil, o mandante do crime criou álibis como almoço com os ex-sogros, churrasco com pessoas com as quais não tinha convivência estreita e até ida a boates na cidade de Tapurah, entre a tarde e a noite de execução do crime, com a intenção de reforçar que não seria considerado o principal suspeito do homicídio.
Porém, no decorrer das investigações, as equipes policiais reuniram evidências que possibilitaram chegar aos dois envolvidos no crime brutal: Romero, mandante e ex-marido da vítima, e seu irmão Rodrigo, o executor do crime que montou a cena na residência de Raquel para que a Polícia Civil acreditasse que o crime teria motivação patrimonial.
Nessa segunda-feira (5), os irmãos foram indiciados pelo homicídio triplamente qualificado contra Raquel Cattani.
O homicídio foi triplamente qualificado por se tratar de um feminicídio com promessa de recompensa, além de ter sido uma emboscada.
Rodrigo Xavier vai responder também por furto, já que levou vários pertences da vítima, tal como um celular. Já Romero foi alvo de outro inquérito, dessa vez em Lucas do Rio Verde, pelo crime de porte irregular de arma de fogo.
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