Saída do partido PVV deixa frágil coalizão governista à beira do colapso. Partidos no poder chamam decisão de ‘irresponsável’ no atual contexto europeu de tensões com a Rússia. Líder do partido de extrema-direita holandês PVV, Geert Wilders.
Yves Herman/Reuters
A extrema direita deixou a coalizão do governo da Holanda nesta terça-feira (3), o que deve derrubar o governo conservador e provocar novas eleições no país.
O líder do partido PVV, Geert Wilders, afirmou ter deixado o governo por conta de disputas sobre políticas de imigração, e porque os outros três partidos da coalizão não estavam dispostos a apoiar suas propostas para interromper a migração por asilo.
“Sem assinatura em nossos planos de asilo. O PVV deixa a coalizão”, publicou Wilders na rede social X.
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Wilders informou o primeiro-ministro, Dick Schoof, que todos os ministros da sigla também renunciarão a seus cargos. Schoof não se pronunciou publicamente sobre a renúncia até a última atualização desta reportagem.
A possibilidade de uma eleição antecipada na Holanda ocorreria em um momento em que a extrema direita está ganhando força na Europa. O pleito será acompanhado de perto como um teste para saber se a insatisfação com a migração e o custo de vida pode minar a unidade europeia sobre como lidar com a Rússia e impulsionar o apoio ao presidente dos EUA, Donald Trump.
A decisão repentina de Wilders encerra uma coalizão já frágil, que vinha tendo dificuldades para alcançar consensos desde sua formação, em julho do ano passado. A perspectiva de novas eleições aumenta a incerteza política na quinta maior economia da zona do euro.
Também deve atrasar uma decisão sobre o aumento dos gastos com defesa para atender às novas metas da OTAN e deixará os Países Baixos com um governo interino quando receberem líderes mundiais para uma cúpula da aliança em Haia, ainda este mês.
Ascensão da extrema direita na Europa
Em outras partes da Europa, o candidato nacionalista Karol Nawrocki venceu por margem estreita a eleição presidencial na Polônia no domingo, enquanto o líder opositor tcheco eurocético Andrej Babis — ex-primeiro-ministro — lidera as pesquisas para a eleição de outubro.
Na Romênia, no entanto, o prefeito centrista de Bucareste, Nicusor Dan, venceu a eleição presidencial no mês passado, surpreendendo ao derrotar seu rival nacionalista de extrema direita.
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Revolta
Os parceiros de coalizão de Wilders no governo holandês reagiram com incredulidade e indignação.
“Há uma guerra em nosso continente. Em vez de enfrentar o desafio, Wilders mostra que não está disposto a assumir responsabilidade”, disse Dilan Yesilgöz, líder do partido conservador VVD.
“É irresponsável derrubar o governo neste momento”, afirmou Nicolien van Vroonhoven, líder do partido centrista NSC.
Com a saída do PVV, os outros partidos têm a opção de tentar continuar como governo minoritário — o que, no entanto, não é esperado.
O líder da oposição, Frans Timmermans, afirmou que novas eleições são a única saída.
“Não vejo outra forma de formar um governo estável”, disse o líder da aliança entre trabalhistas e verdes.
Wilders venceu a eleição mais recente, em novembro de 2023, com uma margem surpreendente de 23% dos votos. No entanto, pesquisas recentes indicam que ele perdeu apoio desde que passou a integrar o governo.
Atualmente, seu partido aparece com cerca de 20% das intenções de voto, praticamente empatado com a aliança Trabalhista/Verde, que é atualmente a segunda maior força no parlamento.
Na semana passada, Wilders exigiu apoio imediato para um plano de dez pontos que incluía o fechamento das fronteiras a todos os solicitantes de asilo, a deportação de refugiados sírios de volta ao seu país e o fechamento de abrigos de asilo.
Outras propostas incluíam expulsar imigrantes condenados por crimes graves e usar o Exército para reforçar o controle de fronteiras.
Wilders, que foi condenado por discriminação contra marroquinos em 2016, não fazia parte formal do governo como líder ou ministro.
Ele só conseguiu fechar um acordo de coalizão com outros três partidos conservadores no ano passado após não obter apoio para se tornar primeiro-ministro.
O gabinete foi então liderado por Dick Schoof, um tecnocrata independente e não eleito, que já havia comandado a agência de inteligência holandesa (AIVD).
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Fonte: G1
