A chamada “gangue da bike” —ladrões de celulares que usam bicicletas para roubar no centro de São Paulo— usam grupos no WhatsApp para se organizarem. Seus membros ficam em ligação durante todo o dia para compartilhar a localização de possíveis vítimas, dizem policiais militares da região.
Um sargento e três cabos responsáveis pelo patrulhamento de ruas nos bairros de Santa Cecília e Campos Elíseos relataram à reportagem a existência do sistema para troca de informações entre os criminosos.
Assim, se um integrante do grupo vê alguém na rua com um aparelho, ele avisa seus cúmplices de onde a pessoa está, qual o seu trajeto e que roupa usa, facilitando assim o ataque.
Além disso, os membros também trocam informações sobre as vulnerabilidades e ações do potencial alvo, dizem os policiais. Por exemplo, se a pessoa está com o celular nas mãos, no ouvido ou expondo o aparelho frequentemente.
A marca e o modelo do equipamento também são informados nos grupos no aplicativo.
Em nota, a SSP (Secretaria da Segurança Pública) diz que as delegacias da região central de São Paulo, subordinadas à 1ª Delegacia Seccional, intensificaram o uso de tecnologia e inteligência policial para investigar crimes patrimoniais, especialmente os cometidos por quadrilhas que utilizam bicicletas.
Segundo dados da Polícia Civil, os roubos na área da 1ª Seccional apresentaram queda de 21,7% no primeiro trimestre de 2025, em comparação com o período homólogo. No mesmo intervalo, 2.002 pessoas foram presas ou apreendidas. O policiamento preventivo, sob responsabilidade da Polícia Militar, tem sido constantemente reavaliado e ajustado para atender às necessidades da região.
Outros indicadores
Ao todo, os bairros de Santa Cecília e Campos Elíseos contabilizaram 3.290 furtos e 997 roubos nas 16 primeiras semanas do ano, período que vai de 30 de dezembro de 2024 a 20 de abril de 2025. O valor representa uma média de 39 casos por dia.
Os pedestres são os principais alvos dos criminosos. Mais da metade (51,6%) dos casos foi classificada como furto ou roubo a pedestres, seguida por furto ou roubo no transporte coletivo (em estações, ônibus, trem ou metrô), com 17,8%. Em terceiro lugar está o furto ou roubo a clientes em estabelecimentos comerciais, com 7,3%.
Embora o modo de locomoção do infrator não tenha sido especificado em 30% dos boletins de ocorrência, é possível observar alto percentual do uso de bicicleta nos registros em que consta essa informação. A maioria dos crimes é cometida por infratores a pé (72%), mas as bicicletas aparecem em 22% dos casos em que há essa informação.
Houve 660 casos de roubos ou furtos nos quais o infrator abordou a vítima em uma bicicleta, o que evidencia que o problema da chamada gangue da bike não foi superado. Temidos pela população e mais comuns em outras regiões da cidade, os assaltos com motociclistas representam só 6% do total.
O celular continua sendo o objeto mais visado, sendo foco único dos infratores em 57,6% dos crimes. “Celular e outros” ficam em segundo, com 7,7%, e “mochilas e bolsas” aparecem em terceiro, com 7,4% das classificações.
noticia por : UOL