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No dia 23 de junho de 2018, Ricker Maximiano atirou nas costas do adolescente de 17 anos.
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No dia 23 de junho de 2018, Ricker Maximiano atirou nas costas do adolescente de 17 anos.
VANESSA MORENO
DO REPORTÉR MT
O juiz Anderson Fernandes Vieira, da 1ª Vara Criminal de Cuiabá, atendeu um pedido do Ministério Público de Mato Grosso (MPMT) e decretou a prisão preventiva do policial militar Ricker Maximiano de Moraes, por tentativa de homicídio contra um adolescente de 17 anos, ocorrida em 2018. O PM já está preso preventivamente, no Batalhão de Operações Especiais (BOPE), por ter matado a tiros a esposa Gabrieli Daniel Sousa de Moraes, no último domingo (25).
Para decretar uma nova ordem de prisão, o magistrado levou em consideração a periculosidade do PM.
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Anderson Fernandes destacou também que o assassinato de Gabrieli cometido por Ricker, ou seja, a reiteração criminosa, demonstra a necessidade de garantir a ordem pública, bem como evitar qualquer obstáculo na tramitação do processo relativo à tentativa de homicídio contra o jovem.
“Dessa forma, restam preenchidos os requisitos autorizadores da prisão preventiva, nos termos do art. 312 do CPP, uma vez que o cometimento de novo delito, aliado à reiteração e periculosidade demonstrada, notadamente diante do atestado que ora é anexado, demonstram o risco concreto à ordem pública, sem olvidar o obstáculo à regular tramitação do processo”, diz trecho da decisão expedida nessa quarta-feira (28).
No dia 23 de junho de 2018, Ricker Maximiano atirou nas costas do adolescente de 17 anos, por motivo fútil. O crime aconteceu na Avenida General Melo, em Cuiabá.
Segundo investigações, o adolescente voltava para casa com dois amigos, quando viu o PM discutindo com a namorada. O Ricker teria se incomodado com a presença deles, mandando que saíssem do local, sacando uma arma de fogo.
Os adolescentes correram e o PM perseguiu os três. Ao perceber que o policial havia parado de correr, a vítima também parou. Neste momento o jovem foi surpreendido com disparos.
Segundo a denúncia do MP, o adolescente tinha um pré-contrato com um time de futebol. Devido aos ferimentos causados pelos tiros, ele ficou com sequelas, perdeu o movimento das pernas por um tempo e passou a fazer uso de sonda.
Ainda de acordo com o Ministério Público, Ricker tentou forjar uma tentativa de assalto, criando estereótipo de bandido para os jovens.
Julgamento adiado
Pelo crime cometido contra o adolescente, Ricker Maximiano seria submetido a julgamento pelo Tribunal do Júri nessa quarta-feira (28). No entanto, no momento da sessão de julgamento, o PM teria apresentado um pedido que inviabilizou a realização da mesma.
Na ocasião, Ricker alegou conflito de tese e revogou o mandato do advogado.
Para o magistrado Anderson Fernandes, o adiamento da sessão decorre de uma tentativa do PM de adiar o julgamento, fato que gera impacto negativo na vítima.
“Ademais, cabe destacar que, manobras protelatórias do réu, com o intuito de adiar as sessões do tribunal do júri, geram um impacto extremamente negativo na vítima sobrevivente, que se vê forçada a reviver o trauma do crime em múltiplas ocasiões, sem que haja uma resolução efetiva. Essas estratégias, que se baseiam no prolongamento do processo, não apenas adiam o julgamento, mas também impõem à vítima a necessidade de comparecer ao fórum repetidamente, sem saber se o júri de fato ocorrerá”, destacou o juiz.
A nova sessão foi remarcada para o dia 8 de julho, às 9 horas.
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Histórico
Ricker Maximiano já esteve envolvido em outro caso de repercussão, ocorrido no dia 3 de setembro de 2023. O PM matou um cachorro da raça Pitbull para evitar que o animal atacasse a sua filha, que estava em seu colo.
A ação foi registrada por uma câmera de segurança.
Na época, Ricker deu entrevistas e alegou ter agido para defender o “seu bem maior”, se referindo à filha.
Por outro lado, o tutor do cachorro registrou dois boletins de ocorrência na Polícia Civil. Um pela morte do animal e outro porque passou a receber ameaças para não denunciar o que havia ocorrido.
De acordo com o tutor, o cachorro era dócil e nunca tinha atacado ninguém.
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Feminicídio
No dia 25 de maio, Ricker matou a esposa Gabrieli Daniel a tiros na residência do casal, no bairro Praieiro, em Cuiabá, na frente dos filhos de 3 e 5 anos. Após assassinar a mulher, ele fugiu com as crianças.
Horas após o crime, ele se apresentou na Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) e foi autuado em flagrante pelo crime de feminicídio.
Em depoimento ao delegado Edson Pick, responsável pelo caso, disse que foi uma fatalidade e que estava de cabeça quente. Ele não disse o motivo que o levou a cometer o crime, pois afirmou que estava sem condições emocionais para responder as perguntas do delegado.
Na audiência de custódia, ele teve a prisão em flagrante convertida em preventiva e foi encaminhado para uma cela no BOPE.
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FONTE : ReporterMT