O famoso escritor queniano Ngugi wa Thiong’o, várias vezes citado como possível prêmio Nobel de literatura, morreu na quarta-feira aos 87 anos, anunciou sua filha no Facebook.
“Com profunda tristeza anunciamos a morte de nosso pai, Ngugi wa Thiong’o, nesta quarta-feira de manhã”, escreveu sua filha Wanjiku Wa Ngugi.
Considerado um dos escritores mais influentes da África Oriental, é autor de uma obra que reflete a terra e o povo de onde era originário.
Preso pelas autoridades quenianas entre 1977 e 1978, especialmente por escrever peças de teatro que atacavam as elites do país, abandonou o inglês para escrever em sua língua natal, o kikuyu, uma escolha radical, mas fundamental para sua obra, marcada pela luta contra as desigualdades.
Tudo a Ler
Receba no seu email uma seleção com lançamentos, clássicos e curiosidades literárias
“Acredito na igualdade entre os idiomas. Me horroriza completamente a hierarquia das línguas”, declarou à AFP em uma entrevista no ano passado na Califórnia, onde vivia.
Evan Mwangi, professor de literatura na universidade americana de Northwestern, assinalou que o escritor “revitalizou as línguas africanas, por muito tempo denegridas como incapazes de expressar a modernidade de maneira inteligível”.
Nascido em uma família camponesa da região de Limuru, perto de Nairóbi, Ngugi wa Thiong’o ficou marcado desde sua juventude pela insurreição Mau Mau contra a colonização britânica entre 1952 e 1960, crucial no caminho para a independência de seu país alcançada em 1963.
O escritor veio ao Brasil na Flip, a Festa Literária Internacional de Paraty, em 2015, época em que o seu romance “Um Grão de Trigo”, de 1967, foi publicado pela editora Alfaguara. Na mesma época, a Biblioteca Azul trouxe “Sonhos em Tempo de Guerra”, de 2010, primeira parte de uma trilogia memorialística.
Mais de 40 anos distantes entre si, a ficção e a não ficção abarcam as mesmas nuances e contradições de um povo que, em meados dos anos 1950, reconhecia indícios do momento que culminaria na independência de seu país, em 1963, após décadas de exploração pelos britânicos.
noticia por : UOL