Petrobras propõe ao Ibama simular perfuração na Foz do Amazonas em julho

Em carta enviada ao Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis), a Petrobras propôs um cronograma para o que considera as últimas etapas no licenciamento ambiental do primeiro poço em águas profundas na bacia da Foz do Amazonas.

Nesta sexta-feira (30), a empresa foi alvo de protestos de organizações ambientalistas contra o esforço para abrir uma nova fronteira para a exploração de petróleo em meio aos alertas pela necessidade de redução na queima de combustíveis fósseis.

Na comunicação ao Ibama, a Petrobras pede que a sonda que vai perfurar o poço seja vistoriada na próxima semana. Ela está na baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, para a remoção de coral-sol, espécie invasora, de seu casco.

“Entendemos que realizar a vistoria com a sonda ainda na baía simplificará bastante a logística do embarque e desembarque das equipes”, afirmou a companhia. A viagem da unidade até o Amapá durará entre 10 e 20 dias.

A estatal propõe que a base de resgate de fauna de Oiapoque (AP) e três embarcações que serão usadas no simulado da perfuração sejam vistoriadas pelo Ibama entre os dias 23 e 27 de junho. Os barcos, de recolhimento de petróleo e resgate de animais, estarão em Belém.

Concluídas essas etapas, a companhia diz que espera começar o simulado da perfuração, conhecido como APO (avaliação pré-operacional), na semana do dia 14 de julho. A companhia acredita que, se o teste for bem sucedido, terá cumprido todas as etapas para obter a licença.

O poço está previsto para o bloco 59 da bacia da Foz do Amazonas, uma região onde ainda não há produção de petróleo. A área é considerada pelo setor uma grande aposta para a renovação das reservas brasileiras após o esgotamento do pré-sal.

Por isso, a indústria do petróleo intensificou nos últimos meses o lobby para a liberação da licença, que conta com apoio de setores do governo e de políticos da região Norte, mas enfrenta grande resistência no próprio Ibama.

Organizações ambientalistas questionam a abertura de novas fronteiras para a produção de petróleo no mundo, diante dos impactos da queima de fósseis sobre o clima. Nesta sexta, oito entidades realizaram um protesto em frente à sede da estatal, no Rio de Janeiro.

Elas afirmam que, confirmadas as projeções da EPE (Empresa de Pesquisa Energética) sobre a existência de dez bilhões de barris de petróleo recuperáveis na margem equatorial, a produção de petróleo na região emitirá ao longo de sua vida útil um volume equivalente a tudo o que o país emitiu em cinco anos.

Reclamam ainda que os recursos dos royalties cobrados sobre a produção de petróleo não são destinados ao financiamento da transição energética —questionando outro argumento usado pelas petroleiras, para quem o petróleo é importante para financiar a transição.

“O planejamento da expansão da produção de petróleo no país tem ocorrido sem qualquer análise das consequências climáticas”, disse, em nota, a coordenadora de Políticas Públicas do Observatório do Clima, Suely Araújo.

noticia por : UOL

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