Renato Nery chamou jornalista de “blogueiro e grampeador de telefones”

VANESSA MORENO

DO REPORTÉR MT

O jornalista Cláudio Roberto Natal, alvo da Polícia Civil nas investigações que apuram o assassinato do advogado Renato Nery, foi classificado pela vítima como “blogueiro, grampeador de telefones e estelionatário”. As acusações constam em uma representação disciplinar protocolada pelo advogado, na Ordem dos Advogados do Brasil – seccional Mato Grosso (OAB-MT), dias antes de morrer.

A representação, assinada por Renato no dia 17 de junho de 2024, denunciava o advogado Antônio João de Carvalho Júnior e a atuação de um “escritório do crime” em três ações referentes a disputa de terras. No documento, Nery citou o nome de Cláudio Natal em uma dessas ações, como integrante de um “conjunto de indivíduos atuantes que lhe emprestam auxílios criminosos”.

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Ao lado do nome de Cláudio Natal, Nery fez questão de colocar, entre parênteses, as classificações “blogueiro e grampeador de telefones” para identificá-lo.

Renato disse ainda que João de Carvalho, no curso de um dos processos, contava com “o auxílio de várias trapaças produzidas por seus asseclas na esfera extrajudicial”, dentre elas a divulgações de notícias feitas por Cláudio Natal contra Nery.

“O blogueiro (estelionatário) Cláudio Natal sempre se encarregando de noticiar, nas suas maledicentes linhas, inúmeras inverdades sobre a conduta social do advogado Renato (representante)”, destacou o advogado.

No dia 5 de julho do mesmo ano, menos de um mês após assinar a representação disciplinar, Renato Nery foi assassinado a tiros em frente ao seu escritório de advocacia, na Avenida Fernando Corrêa, em Cuiabá.

Mandado cumprido 

Cláudio Natal foi alvo de um mandado de busca e apreensão nessa segunda-feira (26). A ordem judicial foi dada pela juíza Edna Ederli Coutinho, do Núcleo de Inquéritos Policiais (NIPO) e cumprida pela Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).

Investigações apontam que ele está envolvido na alteração de documentos e no assessoramento a escritórios de advocacia. Além disso, ele teria ligado para a empresária Julinere Goulart Bastos, cerca de 15 dias antes das prisões de militares envolvidos no crime, para providenciar dinheiro para custear advogados que defenderiam os policiais. A polícia investiga se ele extorquiu a empresária em troca de silêncio.

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Durante o cumprimento do mandado de busca, foram encontradas com Cláudio diversas munições calibre 12, calibre 38 e .40. e um carregador de pistola, fato que resultou na prisão dele.

O investigado foi autuado em flagrante por porte ilegal de munições e, após o pagamento de uma fiança de R$7.590, ele foi liberado.

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Prisões

A Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) já prendeu nove pessoas envolvidas no assassinato de Renato Nery. Dentre elas, o caseiro Alex Roberto de Queiroz, que confessou ser autor dos disparos e o policial militar Heron Teixeira Pena Vieira, que confessou a participação direta no crime. Ambos foram indiciados pelo crime de homicídio qualificado.

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O casal de empresários Cesar Jorge Sechi e Julinere Goulart Bastos, moradores de Primavera do Leste (234 km de Cuiabá), também está preso. Eles são acusados de serem os mandantes do crime. Os dois teriam prometido o pagamento de R$ 200 mil pela morte do advogado. No entanto, só teriam pago R$150 mil.

Outros dois policiais militares, apontados como intermediários do assassinato, também estão presos. São eles: Jackson Pereira Barbosa e Ícaro Nathan Santos Ferreira.

A Polícia Civil indiciou ainda outros quatro militares, que teriam um envolvimento indireto no crime.

Segundo as investigações, Leandro Cardoso, Wailson Alessandro Medeiros Ramos, Wekcerlley Benevides de Oliveira e Jorge Rodrigo Martins teriam armado um suposto confronto entre criminosos e a Polícia Militar para esconder a arma utilizada no assassinato de Renato Nery.

A suposta ocorrência foi registrada sete dias após o crime.

A DHPP investiga ainda se há outros mandantes do assassinato.

O assassinato

Renato Nery morreu aos 72 anos, atingido por disparos de arma de fogo, no dia 5 de julho de 2024, em frente ao seu escritório, na capital. A vítima foi socorrida e submetida a uma cirurgia em um hospital privado de Cuiabá, mas morreu horas depois do procedimento médico.

A motivação do crime foi uma disputa de terras.

FONTE : ReporterMT

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